Uma boa parte das empresas que tem o conceito ESG na sua pauta de gestão, tem feito progressos importantes na busca de uma maior diversidade na base de fornecedores. Mas ainda não chegamos lá.
Embora essas iniciativas sejam um começo, as ações buscando a inclusão de pequenos fornecedores nas cadeias de suprimentos, ainda carecem de efetividade para que as organizações possam experimentar os benefícios inerentes de se trabalhar com pequenas empresas.
Diversidade de Fornecedores não significa aumento proporcional de Risco
Grandes empresas demandam grande fornecedores, ou melhor, fornecedores com grande capacidade de produção. Isto significa encontrar empresas com os recursos necessários para escalar seus negócios, o que privilegia fornecedores maiores. Por consequência, os compradores naturalmente procuram reduzir o risco ao escolher os fornecedores maiores, mais estabelecidos, ao invés de alternativas menores que possam fornecer um produto comparável.
No entanto, esta tendência de procurar grandes fornecedores para mitigar o risco, muitas vezes entra em conflito com as diretrizes de diversificação na cadeia de suprimentos. A grande maioria dos fornecedores que representam minorias, empresas pertencentes a mulheres ou pessoas pretas por exemplo, são empresas de pequeno ou médio porte. Ao buscar essa segurança, os compradores tendem a se afastar dos fornecedores menores para evitar um risco maior de abastecimento. Como resultado, a diversidade de fornecedores, não se materializa.
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O grande problema é que os fornecedores pequenos normalmente carecem de capital e dos recursos necessários para escalar, o que cria uma situação paradoxal em que uma pequena empresa pode se tornar vítima do seu próprio sucesso, a medida que seu negócio cresce.
Este fenômeno atinge particularmente e duramente, as minorias proprietárias de empresas e prejudica os esforços de diversificação de fornecedores.
Porém, existem procedimentos que podem ser seguidos pelas organizações e que permitem a diversificação de fornecedores enquanto minimizam riscos. É o que diz Lara Hodgson, CEO e co-fundadora da empresa NowAccount®. Ela compartilha cinco dicas baseadas na sua própria experiência como empreendedora:
Seja flexível com o prazo de pagamento
Pagar os fornecedores menores com mais rapidez os ajudará a operar e crescer seus negócios, reduzindo simultaneamente o risco de ruptura de abastecimento. Se os prazos de pagamento não puderem ser reduzidos, busque junto a sua área financeira e suas instituições de crédito, condições especiais para adiantamento de recebíveis ou outras soluções que os fornecedores possam usar para serem pagos mais rapidamente.
Esclareça todos os requisitos e custos implícitos no contrato de fornecimento
Desde tipos de seguros até custos com certificações, despesas logísticas, taxas de marketing e prazos de entrega, a maioria das grandes empresas tem requisitos muito rigorosos para os fornecedores que desejam fazer negócios com elas.
Ao flexibilizar algumas condições de fornecimento, tornando as exigências mais acessíveis ao pequeno fornecedor, mitiga-se o risco de contratação de um fornecedor despreparado, ao mesmo tempo que garante que os potenciais fornecedores tenham todas as informações necessárias para apresentar uma proposta forte e confiável.
Estabeleça uma boa governança para o processo de seleção de Fornecedores
Muitas vezes não está claro para as PMEs como a escolha de fornecedores é feita nas grandes empresas. Para facilitar o processo para fornecedores e para compradores, é importante dar visibilidade ao processo de sourcing. Dessa forma, os pequenos fornecedores podem concentrar esforços desenvolvendo uma proposta atrativa, completando as etapas de preparação para se qualificar como fornecedor ou mesmo, procurando outros clientes que sejam mais adequados para seus negócios.
Use redes de Fornecedores
Um desafio significativo para os compradores é encontrar um pequeno fornecedor que se enquadre nos seus parâmetros de volume de abastecimento. Embora existam bancos de dados com informações de capacidade e disponibilidade de produção de diversos fornecedores, a maioria das equipes de Compras das empresas, não tem condições reais, em número de funcionários, para realizar a devida diligência em centenas de potenciais fornecedores.
Existe a necessidade do desenvolvimento de redes de fornecedores, que criem conexões inteligentes em tempo real entre as equipes de Compras e os fornecedores participantes, capacitados e disponíveis para entregas na escala especificada pela empresa contratante.
Crie um Programa de Fornecedor Aprendiz
Suponha que um Comprador encontre um fornecedor que ele goste, mas que não esteja pronto para atender às exigências de sua organização. Nesse caso, ele ainda pode ter esse fornecedor no seu vendor list, conectando-o com alguns de seus outros fornecedores. Isto cria uma oportunidade para que o pequeno fornecedor se torne um subcontratado de um fornecedor maior.
Através desta subcontratação, o fornecedor menor pode crescer seus negócios e, ao mesmo tempo, obter exposição às exigências da empresa maior. Funcionará como um “programa de aprendizes de fornecedores”, que ajudará os fornecedores menores a se prepararem para se tornarem grandes para um negócio futuro.”
Conclusão
Existem empresas que tem feito esforços reais na tentativa de diversificar sua base de fornecedores, oferecendo oportunidades de desenvolvimento para as empresas pequenas e de propriedade de minorias. Enquanto muitas oferecem uma variedade de programas de apoio incluindo subsídios, assistência e orientação, nada promove tão fortemente o desenvolvimento de uma pequena empresa de forma sustentável, como comprar dela.
É claro que nem todas as soluções funcionarão para todos os negócios. Mas quando os compradores se comprometem a diversificar sua base de fornecedores buscando a inclusão de minorias, há um efeito de ondas positivo: promessas são cumpridas, requisitos são atendidos, perspectivas e produtos diversos são introduzidos, o público aprova e pequenas empresas prosperam.
